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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Rio de Janeiro: Guerra?

Por Michelle Ferreira



Aqui, não venho comentar mais uma notícia drástica sobre os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro. Minhas palavras, quase sempre, são de busca por respostas que, quem sabe, não aparecerão na mídia. Abrindo minha janela para essa cidade, não vejo a mesma coisa que escutamos e vemos na TV brasileira. Minha visão é bem mais particular e, acho até que: mais chata!Segundo nossas mídias, em apenas nove dias: 50 mortes, 109 veículos incendiados, 223 detidos, 40 toneladas de canábis e mais de 50 espingardas apreendidas. As três torças da milícia do país empenhadas na operação cavernosa de combate ao narcotráfico. Frotas blindadas, tanques de guerra, veículos capazes de transpor barreiras montadas por traficantes de drogas no local, toda essa força responsável por levar policiais civis e militares para dentro do Complexo do Alemão foram apontadas pelas autoridades de segurança pública do Estado como “fundamentais” para a ocupação da favela. “A segurança é total”, garantiu o comandante do Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais, Capitão-de-mar-e-guerra, Carlos Chagas. Será? Será que isso se enquadra bem ao significado atribuído para a palavra “segurança” no vocabulário da nossa academia de letras? Bem, isso já é outro fator que se transformaria em uma ‘bola de neve” se for realmente “cutucado”.
"Guerra". O que vejo não é bem isso. Também não quero impor aqui a opinião “certa”, tampouco convencer ninguém a aceitar a minha. O que vejo, sinceramente é um joguinho político disfarçado de “ato heróico”, que chama muito a atenção para a violência nas favelas. Nas favelas? Violência? Por que sempre lá? Por que lá estão os ‘bandidos’ perigosos, os piores marginais? Por que? Qual o motivo desta ‘ostensiva-repentina-importante-operação-policial’? Alguém já assistiu o último filme da saga: tropa de elite? Com mais de três milhões de espectadores, Tropa de Elite 2 bateu todos os recordes de bilheteria e público do país desde 1991. Bem, nem preciso de blá-blá-blá, isso mostra que a mensagem passada no filme foi realmente interessante! Segundo esse filme, o problema e tal “perigo” não está meeesmo, e apenas, nos “bandidos” donos dos “morros”, como mostram e tentam convencer as queridas autoridades do nosso país... parece que o buraco não fica mais ‘embaixo’, como diz o velho e famoso jargão... parece que o ‘buraco é lá em cima”, em cima mesmo: na elite perversa dos governantes desse país que dizem ser nosso. Não venho aqui também citar nomes, nem acusar ou mostrar a sujeira imunda escondida debaixo do tapete dos ocupantes dos cargos políticos brasileiros. Venho só cutucar a unha encravadinha dos dedos perversos desses sabichões intitulados e engravatados de colarinho branco, que se assentam nas cadeiras lá de cima do poder. É. Esses mesmos: os amados e educados homens da politicagem nacional. Não quero tão pouco tirar a culpa da ‘cambada’ desocupada dos, supostos, perseguidos marginais bandidos das favelas alvejadas. Lógico que não. São tão culpados quanto os do ‘topo engravatado’, mas, venho aqui só dizer que minha janela não tem só olhos... ela tem OLHOS, uma BOCA IMEEENSA e, o que para eles deve ser pior: UMA MENTE PENSANTE, CRÍTICA e BEEEM REALISTA! rsrsrs*
Mas, atenção governo, não quero aqui mostrar de quem é a culpa, ok!? Sim, porque logo me puniriam por ‘desacato’ ! rsrs

Só vim aqui para lembrar que, esse país não é formado por 190 milhões de leigos e idiotas. Venho aqui para lembrar que não precisam gastar horrores com atos ‘possivelmente’ heróicos para desviar a atenção da maioria da população dos verdadeiros fatos. Esse tipo de política não funciona pra todo mundo! E, vocês aí do escalão bonitinho da política brasileira, salvo exceções: não esqueçam, din$$eiro circula, e, informações: também. Chega uma hora em que todo mundo tem, outra em que todo mundo pega, e, mesmo que demore, noutra hora em que todo mundo vê. Não se cansem muito! Tem Forças muito SUPERIORES vigando vocês o tempo todo. E essa sim, meus queridos, ninguém consegue combater. Sabem disso, não sabem?! Rsrsrs (Leiam mais a Bíblia, eu recomendo!)  

terça-feira, 9 de novembro de 2010

DEFINIÇÃO DE SAUDADE

Artigo do Dr. Rogério Brandão, Médico oncologista 

Como  médico  cancerologista,  já  calejado  com  longos 29 anos de atuação profissional (...) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.

Recordo-me  com  emoção  do  Hospital  do  Câncer  de  Pernambuco,  onde  dei  meus primeiros passos como profissional... Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com  o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. 

Até o dia  em  que  um  anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois  longos  anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas  de  químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes;    também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!

Um  dia,  cheguei  ao  hospital  cedinho  e  encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.

— Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores... Quando eu morrer,  acho  que  ela  vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!

Indaguei: 
— E o que morte representa para você, minha querida?
— Olha  tio,  quando  a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)
— É isso mesmo.
— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei  "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.
 E minha mãe vai ficar com saudadesemendou ela.

Emocionado,  contendo  uma  lágrima  e um soluço, perguntei: 
—  E o que saudade significa para você, minha querida?
— Saudade é o amor que fica!

Hoje,  aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica

 Meu  anjinho  já  se  foi,  há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a melhorar a minha vida,  a  tentar  ser  mais  humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega,  se  o  céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha e resplandece no céu.
Imagino  ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve,  pelas  lições  que  me  ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O amor que ficou é eterno.