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terça-feira, 27 de julho de 2010

"Entre aspas"

Por Michelle Ferreira



"Sempre conservei uma aspa à esquerda e outra à direita de mim."

-Clarisce Lispector-


"Penso, logo existo..."  Roubando para mim o fio da inspiração de Descartes, interpreto as mesmas palavras de um jeito quase inteiro. Sem querer alguma pretensão, adaptando aos meus ouvidos, eu diria: "Sinto, logo sou". Sou eu quem desenho a minha história, e do meu jeito, inconstante, leio minhas escolhas, (re)formulo pensamentos, (re)construo atitudes, e assim, (re)faço de mim o que sou. Primeiramente sou. Sou o que sinto ser. Sou o que, (des)cuidadosamente procuro ser. Mas, sempre sou. Sou eu quem faço por e de mim o que conhecem depois. E isso é quase tudo. Quase porque a melhor parte do que sou devo ao que sinto. E de mim o que é melhor e mais terno está nas entrelinhas. Essa parte de mim que não transpassa, o que, definitiva e sinceramente sou, não por escolha mas por "essência", permanece "sempre" assim... "entre aspas".

 

2 comentários:

  1. Menina, é mesmo, o mesmo título, que coincidência! Mas os textos navegam por sentidos bem diferentes. Que bom, né?! hahaha

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  2. Grandes pensadores se encontram assim... Com palavras... e no nosso caso, "entre aspas" hehehe

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